Transtorno Ansioso é uma doença psiquiátrica que atinge 264 milhões de pessoas no mundo inteiro, incluindo 18 milhões de brasileiros. Segundo a Organização Mundial, o Brasil é o país com a população mais ansiosa do mundo.
Uma pequena dose de ansiedade pode ser benéfico na nossa vida: nos mantém vivos e permite que a gente reaja adequadamente a situações de perigo, pode nos deixar extremamente produtivos na escola, na vida social e no trabalho.
O problema é quando o estado de tensão se intensifica em intensidade e frequência a ponto de prejudicar física e mentalmente.
A ansiedade é uma das patologias psiquiátricas mais comuns nas crianças, atrás apenas dos Transtornos de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e de conduta.
Causas
Podem ter origens biológicas, psicológicas e sociais. Alguns fatores considerados de risco, podem contribuir com a incidência dos mesmos na infância e adolescência, tais como:
· problemas na gestação;
· histórico familiar de depressão ou transtornos de ansiedade;
· depressão materna;
· bullying;
· abusos e agressões físicas e psicológicas;
· privação de sono;
· redução do tempo de presença com os pais;
· pouca oportunidade de brincar e estar com outras crianças, entre outros.
Ansiedade infantil: principais sintomas e quando buscar auxílio médico
Mesmo sendo comum a existência de transtornos ansiosos na infância, os pais têm dificuldade para identificá-los e buscar auxílio médico. Geralmente o motivo que incentiva os pais a buscarem esse auxílio está relacionado a problemas de comportamento, relacionamento, rendimento escolar ou sintomas somáticos (dor de cabeça, tonturas, dores abdominais, etc.).
Os sintomas podem surgir em sequências alternadas, com períodos mais ou menos frequentes e de maior ou menor intensidade e duração. É importante estar atento ao grau de prejuízo funcional que eles estejam causando.
· Alterações no apetite.
· Dificuldades no sono.
· Queda no rendimento escolar.
· Desmotivação.
· Medos e preocupações excessivas.
· Dores de cabeça.
· Tonturas.
· Retraimento social.
· Oscilação de humor.
· Irritabilidade ou apatia.
A ansiedade pode evoluir para uma depressão leve e passageira, ou mesmo manifestar-se em episódios graves. Estudos demonstram que a ansiedade na infância é um fator de risco aumentado para o desenvolvimento de outros transtornos comportamentais na vida adulta.
Tratamento para a ansiedade infantil
O diagnóstico e tratamento precoce podem evitar repercussões negativas na vida da criança. O tratamento da ansiedade na infância é eficaz com o uso de medicamentos apropriados, associados à psicoterapia, em especial a terapia comportamental.
É importante ressaltar que medos, preocupações e angústia podem ser considerados normais durante as etapas do desenvolvimento psíquico infantil, porém, são considerados patológicos quando exagerados, desproporcionais aos estímulos e com duração prolongada.
O que fazer diante de uma crise?
· valide as emoções e/ou sentimentos dos pequenos;
· mostre que estão lá para ajudá-las;
· tente distraí-las por meio de conversas casuais e questionamentos sobre como foi o dia, o que gostaria de comer no jantar e qual brincadeira gostaria de fazer com os pais;
· evite contato físico imediato. Observe o comportamento da criança para verificar o momento mais apropriado para abraçá-la ou tocá-la;
· remover brinquedos ou objetos que possam machucar a criança do cômodo. Ela pode se movimentar sem querer e esbarrar/pisar neles e se machucar;
· faça exercícios de respiração para a criança copiar, tentando fazê-la manter contato visual durante o processo; e
· permaneça com a criança durante a crise.
A forma como a família lida com a ansiedade que se manifesta diariamente na criança pode amenizar os sintomas das crises, bem como reduzir a frequência com que ocorrem.
Controlar o estresse de forma saudável, com exercícios físicos e uma alimentação balanceada, é um exemplo de conduta adequada que pode ser ensinada às crianças.
Além disso, os pais podem tomar algumas atitudes para ajudar a reduzir os sintomas de ansiedade no dia a dia. Como o tempo livre tende a ser maior na quarentena, vale a pena reservar momentos diários para interagir com os filhos e ajudá-los a extravasar as emoções e energia acumulada.
Em seguida, veja algumas maneiras de suavizar a ansiedade em crianças:
Tomar cuidado com as palavras
Os pais devem cuidar do que falam a respeito de situações rotineiras para não assustar ou preocupar os filhos. Respostas raivosas ou muito vagas podem alimentar a ansiedade da criança. Portanto, sempre opte pelo diálogo sincero, paciente e aberto com a criança.
Oferecer apoio constante
Em momentos de dificuldade, demonstre o seu apoio e as formas como pode ajudar a criança a superar os seus desafios.
Não reaja com “não é mais do que sua obrigação” ou passando o sentimento de que “é só uma fase” porque esse tipo de afirmação pode dar origem a comportamentos ansiosos e perfeccionistas no futuro além de invalidar a situação dolorosa do momento.
Seguir a rotina diária o mais adequadamente possível
Procure manter uma rotina diária consistente para fornecer uma sensação de controle à criança.
Não evitar por completo os medos da criança
Embora seja necessário reassegurar a criança que não é preciso se preocupar, não descarte os medos como “coisa da cabeça dela”. A conduta mais adequada nesse cenário é ensinar maneiras saudáveis de lidar com o superar o medo.
Conversar sobre a situação que causa ansiedade
Se a criança apresenta preocupações excessivas, procure entender os sentimentos e as apreensões dela, mesmo se elas aparentarem ser irracionais.
Até mesmo em adultos é comum que a ansiedade seja alimentada por medos que não costumam fazer sentido para a maioria.
Pergunte à criança como ela se sente e demonstre empatia antes de aconselhá-la. Dizer “Eu sei que é complicado/difícil. Está tudo bem se sentir triste/bravo” é uma maneira de validar a sua experiência e suas emoções. Só então forneça um conselho para lidar com o objeto da ansiedade.